As
características pessoais na estratégia de negociação é algo antigo na vida das
pessoas, com certeza negociamos desde pequeninos, inclusive as crianças são
excelentes negociadores, não temem o não, pois sabem que na maioria das vezes
ele significa apenas um “quem sabe depois” e por isso elas persistem atrás de
seu objetivo.
Se
você pensa que só precisa saber negociar quem vive de comprar e vender algo,
está muito enganado! Nem sempre numa situação de compra e venda de um produto
ou serviço, nos é dado o direito de negociar, por exemplo, quando compramos
algum produto em um supermercado: salvo raríssimas exceções, neste caso, não
podemos mudar a situação já definida, onde os produtos estão expostos nas
prateleiras com seus preços fixados e, a nós só nos resta escolhê-los, de
acordo com nossa conveniência.
Todos
nós negociamos a todo tempo na nossa vida, para assuntos pessoais e
profissionais, por exemplo: conseguir aquele horário no médico, para reservar
aquele lugar no restaurante, para convencer os pais a deixá-lo ir naquela festa
de arromba, para acertar a programação do fim de semana com sua esposa e
filhos, para ter um aumento de salário, para resolver os problemas do seu
condomínio, para atender reivindicações de seus funcionários através do
sindicato, e claro para comprar um vender alguma coisa.
A
questão é que muitas pessoas pensam que para saber negociar é preciso nascer
negociador, é preciso ter o dom, mas enganam-se. Claro que algumas pessoas
nascem com mais facilidades para determinadas ações do que outras, mas todos
nós nascemos sem saber falar, ler e escrever, não é mesmo? E aprendemos com o
tempo, isso também pode e deve acontecer com a ação de negociar.
O
tema negociação não é recente, o que acontece, é que as pessoas não se
preocupavam com isso, e deixavam as coisas “acontecerem”, mas agora a maior
parte dos seres humanos sabe que precisa se preparar para tudo que for fazer em
sua vida, e assim precisamos nos preparar para negociar. Podemos estudar sobre
o tema, aprender técnicas e dicas, que nos deixarão mais informados e seguros
para conseguir sempre, uma melhor solução.
Neste
artigo não há a pretensão de esgotar o assunto e muito menos de fornecer tudo o
que o leitor precisa para saber negociar, mesmo porque o mercado é dinâmico e
cada um precisa encontrar a sua forma de viver dentro dele, o que se pretende é
que o leitor perceba que se preparando, conhecendo as suas pretensões, e o que
ele realmente precisa e também conhecendo o outro lado, pode-se sempre chegar a
um bom acordo para as duas partes ou então saber quando a melhor saída é não
fechar o negócio.
1. CARACTERISTICAS PESSOAIS
Personalidade é o conjunto de
características psicológicas que determinam os padrões de pensar, sentir e agir, ou seja, a individualidade pessoal e social de alguém.
A formação da personalidade é
processo gradual, complexo e único a cada indivíduo.
O termo é usado em linguagem comum
com o sentido de "conjunto das características marcantes de uma
pessoa", de forma que se pode dizer que uma pessoa "não tem
personalidade"; esse uso, no entanto leva em conta um conceito do senso comum e
não o conceito científico aqui tratado.
O
presente artigo descreve uma série de características que foram tratadas como
componentes da personalidade. Para uma introdução às diferentes teorias que
procuram explicar o desenvolvimento e a estrutura da personalidade
As
caracteristicas pessoais na Negociação nfluencia muito nas empresas e também na
vida pesosal, pois uma pessoa bem centrada e com a estratégia de como atuar
neste aréa da negociação eleva a qualidade da finalização do processo.
2.1 - Definições das
características Pessoais
Encontrar uma exata definição para
termo personalidade não é uma tarefa simples. O termo é usado na linguagem
comum - isto é, como parte da psicologia do senso comum com diferentes significados, e esses significados costumam influenciar as
definições científicas do termo. Assim, na literatura psicológica alemã persönlichkeit costuma ser usado de
maneira ampla, incluindo temas como inteligência; o
conceito anglófono de personality
costuma ser aplicado de maneira mais restrita, referindo-se mais aos aspectos
sociais e emocionais do conceito alemão. Carver e Scheier dão a seguinte
definição: "Personalidade é uma
organização interna e dinâmica dos sistemas psicofísicos que criam os padrões
de comportar-se, de pensar e de sentir característicos de uma pessoa”. Esta
definição de trabalho salienta que personalidade:
·
É uma organização e não um aglomerado de partes soltas;
·
É dinâmica e não estática imutável;
·
É uma força ativa que ajuda a determinar o relacionamento
da pessoa com o mundo que a cerca;
·
Mostra-se em padrões,
isto é, através de características recorrentes e consistentes;
3. Aspectos
da personalidade (Caracteristicas)
É, como se viu, um conceito complexo, com
várias facetas. A seguir serão apresentados alguns aspectos que costumam ser
considerados como partes da personalidade ou que a influenciam de maneira
especial. Os parágrafos individuais são apenas introduções mínimas aos assuntos
relacionados e links são oferecidos para artigos onde cada um dos temas é
tratado com mais profundidade.
3.1 - Formas Física
A relação entre forma física e
personalidade estimula a imaginação de filósofos e pensadores desde a
antiguidade. Kretschmer propôs nos anos 20 do século XX uma classificação dos
tipos físicos que, supunha ele, estavam relacionados com diferentes transtornos
mentais, posteriormente com diferentes temperamentos. Ele classifica três tipos
físicos.
A relação correlativa entre essas
características foi inicialmente empiricamente comprovada. Análises posteriores
mais exatas, que levavam em conta outras variáveis como a idade - e usavam métodos mais
objetivos, acabaram por derrubar a teoria de Kretschmer.
No entanto a possibilidade de haver
uma real relação entre forma física e características psicológicas não é
improvável, mas não de maneira direta, como pensava Kretschmer. A forma física pode, através de um processo de
autopercepção, ser considerada positiva ou negativa e, assim, influenciar a autoestima, influenciando assim os traços de
comportamento, pode ainda ser influenciada pela percepção que a pessoa tem de
si, influenciar os motivos e interesses da pessoa, influenciando assim também as tendências de
comportamento da pessoa. No entanto não apenas a autopercepção pode influenciar
a autoestima e os interesses de alguém; o juízo de outras pessoas e a reação
destas desempenha também um importante papel nesse processo, de forma que as
características de comportamento estáveis (assim a personalidade) são
influenciadas indiretamente e de quatro maneiras diferentes pela forma física.
· Forma
física → autopercepção → autoestima → comportamento
· Forma
física → autopercepção → interesses e motivos → comportamento
· Forma
física → juízo alheio (reação dos outros ao indivíduo) → autoestima →
comportamento
· Forma
física → juízo alheio → interesses e motivos → comportamento
3.2 - Temperamento
Designam as disposiçõe do indivíduo ligado à forma do comportamento, principalmente as ligadas aos
"três As da personalidade": afetividade, ativação (excitação) e atenção.
3.3 - Competências ou Habilidades
São traços da personalidade que exprimem a
capacidade de alguém de alcançar determinada realização ou desempenho.
3.4 - Competência
Social e Inteligência Emocional
O termo competência social,
normalmente entendido como a capacidade de lidar com outras pessoas, é de
difícil definição, por conter dois componentes distintos, que têm entre si uma correlação muito pequena: a capacidade de
defender e/ou de impor os próprios interesses e a capacidade de construir
relacionamentos.
Inteligência Emocional é um termo
problemático. Ele foi definido de diferentes formas por diferentes autores
(Salovey & Mayer, 1990; Mayer et al. 2000; Van der Zee et al., 2002) e em
todas as suas definições não representa uma atividade intelectual - ou seja,
não corresponde à idéia de inteligência (ver acima)., costumam variar de acordo
com as emoções
envolvidas - ou seja a pessoa pode saber lidar bem com a emoção medo, mas não
com a raiva.
3.5 - Disposições ligadas à ação
Necessidades, Motivos
e Interesses.
Enquanto
"temperamento" refere-se à forma do comportamento ou da ação,
necessidades, motivos e interesses dizem respeito à direção da ação, ou seja,
aos seus objetivos - estando assim intimamente ligados à motivação. As pessoas variam com
relação ao significado pessoal de diferentes necessidades, que determinam, por
sua vez, suas ações e
seu comportamento.
Motivos são
disposições ligadas ao valor atribuído às consequências dos atos - como, por
exemplo, a "busca de sucesso" ou a "evitação de fracassos"
podem ser fins mais ou menos desejáveis - e são fruto de uma interação entre
necessidades e pressões externas. Interesses também incluem uma valoração, mas
direcionadas para a ação em si, independente do resultado, por exemplo, jogar
xadrez ou escrever na wikipédia podem ser consideradas ações mais ou menos
agradáveis, independentemente do sucesso atingido.
Convicções
ligadas à ação
Os motivos são
como visto disposições ligadas ao valor dado às consequências de uma ação. Eles
estão assim intimamente ligados às expectativas do indivíduo com relação a suas
ações.
Há diferentes estilos de expectativas (al. Erwartungsstile), como por exemplo, é o
caso de a pessoa ser mais ou menos pessimista ou otimista. Durante a realização
de uma atividade agem os chamados mecanismos
de controle da ação (al. Handlungskontrolle),
que têm por objetivo, por assim dizer, proteger a ação contra intenções
concorrentes. Aqui podem manifestar-se diferentes estilos de controle da ação.
Por exemplo, pessoas perseverantes são capazes de "desligar" por
algum tempo outras atividades a fim de alcançar um determinado resultado
enquanto pessoas menos perseverantes distraem-se mais facilmente. Quando a ação
atinge o seu resultado surgem juízos relacionados a sua causa: por que
determinada coisa aconteceu? A esse tipo de juízo dá-se o nome de atribuição. Também quanto à
atribuição há diferentes estilos, por exemplo, algumas pessoas tendem a colocar
a culpa sempre nos outros ou a se sentir sempre responsáveis. Esses três grupos
de características da personalidade (estilos de expectativas, de controle da
ação e de atribuição) foram chamados por Asendorpf convicções ligadas à ação (Handlungsüberzeugungen).
Um
tipo especial de expectativas são as chamadas expectativas de autoeficácia, autoeficácia
percebida ou ainda expectativas subjetivas de competência. Estes termos designam a expectativa que uma pessoa tem de ser capaz de
realizar determinada tarefa. Esta característica da personalidade está
intimamente ligada aos diferentes estilos de atribuição: uma pessoa que tende a
se considerar incapaz de realizar uma tarefa (ex. ser aprovado em um exame)
irá, com maior probabilidade, considerar um sucesso (passar no vestibular) como obra do acaso do
que uma realização pessoal.
4. Estilos de Superação
O
termo coping foi gerado no contexto da pesquisa sobre o estresse e designa os mecanismos
que auxiliam o indivíduo a superar uma situação estressante. Lazarus (1966)
diferencia entre dois tipos de coping: coping
orientado para o problema, que é a busca de uma modificação da situação que
causa o estresse, e coping intrapsíquico,
que é praticamente uma mudança na maneira da pessoa lidar com a situação - quer
por uma mudança na maneira de lidar com a situação ou com as emoções provocadas
pela situação (ex. técnicas de relaxamento, tentativa de ver o lado positivo da situação, etc.). Por exemplo, uma
pessoa estressada por morar em más condições, em uma rua barulhenta e não
conseguir dormir pode tentar resolver esse problema mudando de casa (coping
orientado para o problema) ou, por exemplo, tentar aprender alguma forma de
relaxar apesar do barulho ou começar a direcionar sua atenção para os bons
amigos que moram no bairro e os bons momentos vividos na casa (coping
intrapsíquico). Posteriormente um terceiro tipo de coping, o "coping por
expressão emocional" foi acrescentado, que é uma mudança na forma da
reação emocional ao estresse - ex. sorrir quando se está triste.
Essas
três categorias de coping reúnem uma série de diferentes formas de lidar com
uma situação de estresse. Dentre essas inúmeras formas o indivíduo tende a
esolher e dar preferência a algumas - a esse traço da personalidade se dá o
nome de estilo de coping.
Temperamento,
competências e as disposições ligadas à ação são traços de personalidade
ligados ao comportamento. Outro grupo de traços está ligado às particularidades
da valoração ou do juízo de valor. Valorar um objeto da percepção ou imaginário
é dar-lhe um valor e esse valor gera preferências - e estas podem tornar-se
relevantes para o comportamento.
4.1 - Postura
Por postura de valores (Werthaltungen) entende-se a tendência
individual de se julgarem determinados objetivos (ex. liberdade, igualdade) ou
disposições de ação (ex. honestidade, prestatibilidade) como desejáveis ou
indesejáveis. Entre os diferentes tipos de postura e as disposições de
comportamento correspondentes há uma relação de correlação - ou seja, pessoas que valorizam novidades (postura) tendem a ser
curiosas (disposição de comportamento); pessoas ansiosas (disposição de
comportamento) costumam valorizar a segurança (postura)[2] .
4.2 - Atitude
Atitude
designa as particularidades individuais na valoração de objetos específicos,
quer da percepção, quer da imaginação. As atitudes influenciam não o
comportamento diretamente em uma dada situação, mas o comportamento em uma
série de situações diferentes. Assim uma pessoa com uma atitude positiva com
relação a uma alimentação saudável pode gostar de comer frituras (comportamento
isolado), mas pode cozinhar ela própria, comprar alimentos naturais e integrais
e fazer cursos sobre a alimentação (série de situações). Atitudes coletadas
através de perguntas não influenciam o comportamento real quando tal
comportamento é socialmente desejável ou indesejável. Assim, pessoas com
atitudes preconceituosas contra um determinado grupo de pessoas talvez não se
comporte de acordo com essa atitude por ser um tal comportamento socialmente
condenado.
Como
se vê, a principal diferença entre postura e atitude é o grau de abstração dos
objetivos a que se referem, referindo-se a atitude a elementos mais concretos.
No entanto a difereça entre "mais" e "menos" concreto é uma
diferença quantitativa e assim a distinção entre as duas disposições nem sempre
é clara.
A autoimagem, essa descrição de si mesmo
que cada um faz, é também disposicional, ou seja, é uma tendência relativamente
estável que a pessoa tem de se ver de uma determinada maneira em determinadas
situações. Ela é composta tanto de conhecimento
universal, que diz respeito a todas as pessoas que são como eu (estudantes
são críticos, brasileiros são simpáticos, etc.), como de conhecimento individual, ou seja, relativo somente a mim (eu tenho
medo de altura, sou bom esportista, etc.). Como se vê esse conhecimento também
é influenciado por preconceitos e idéias préconcebidas.
4.3 - Autoestima
A autoestima, como parte valorativa do
conhecimento de si mesmo, ou seja, o juízo que eu faço sobre mim mesmo pode ser
concebido como a atitude de uma
pessoa sobre si mesma e assim também uma característica da personalidade, se
bem que menos estável do que a autoimagem por ser sensível a variações do humor. A autoestima é uma
característica situação-específica, ou seja, ela varia de acordo com a
situação: eu posso estar satisfeito comigo mesmo quando estou na universidade,
mas insatisfeito quando estou na quadra de esportes.
4.4 - Bem-estar
O bem-estar designa a parte subjetiva da
saúde mental. Apesar de ser também influenciado por fatores externos ao
indivíduo e de suas capacidades, o bem-estar representa também um determinado
traço da personalidade relativamente independente de tais fatores.
5. O Conceito de Negociação
Segundo David Berley (The Positive
Negotiation Program – 1984), Negociação é um processo, em que duas ou mais
partes, com interesses comuns e antagônicos se reúnem para confrontar e
discutir propostas explícitas com o objetivo de alcançarem um acordo.
Concordamos com essa definição, uma vez que realmente a negociação
é um processo, pois está situado no tempo passado, presente e futuro e, além
disso, exige planejamento, execução e controle.
Uma
negociação normalmente é originada de uma situação ou problema ocorrido no
passado, visando uma solução para o presente ou futuro.
O início do processo de negociação se dá pela necessidade de uma
das partes em resolver um determinado problema ou solucionar um conflito. Isso
implica em dizer que, para que haja um processo de negociação, necessariamente
precisa haver duas ou mais partes envolvidas e interessadas em negociar para
chegarem a um acordo.
Quando
falamos em acordo, implicitamente, podemos dizer que as partes envolvidas no
processo precisaram fazer algumas concessões de seus interesses ou pontos de
vista para que o acordo fosse firmado. Contudo, não se pode afirmar se as
partes fecharam um bom acordo, pois isto é muito subjetivo, uma vez que os
interesses são antagônicos e, muitas vezes, a negociação se dá, como já
dissemos, para corrigir problemas ou conflitos existentes, que se não
solucionados, trarão ainda mais problemas ou prejuízos para as partes
envolvidas.
Neste contexto, existem alguns fatores importantes que precisam
ser levados em consideração num processo de negociação que são:
Interesse em negociar - As partes envolvidas
precisam estar interessadas na negociação, de outro modo, ele nunca se
concretizará.
Saber fazer concessões - Dificilmente as partes
chegarão a um acordo sem abrir mão muitas vezes de valores pessoais ou
sentimentais, pois um bem que tenha valor sentimental, para quem está se
desfazendo dele vala muito mais do que para quem o está comprando. Pois, no
caso do vendedor, existe a questão sentimental e que, muitas vezes, por uma
necessidade é obrigado a se desfazer daquele bem. Já para o comprador, é um processo
de negociação normal onde é colocado um valor real sem o fator sentimento
embutido.
A concessão é uma peça importante no
processo de negociação, então ela tem que ser dosada para, ao se concedê-la,
obter-se o melhor. Muitos negociadores se guardam ou se retraem, no início das
negociações, e fazem poucas concessões nesta fase, mas não fazem isso por
fraqueza ou porque são durões ou inflexíveis, apenas estão usando uma
estratégia de conhecer o oponente, analisando os seus movimentos e posições. Após
conhecer os pontos fortes e fracos dos oponentes começa a fazer as concessões
devidas. Alguns negociadores cedem, muito pouco, durante toda a negociação,
porém nos momentos de impasses e conflitos cedem muito. Quem está negociando
deve saber que muitas concessões feitas não custam nada, então devemos fazê-las
e deixar com que a outra parte negociadora fique satisfeita.
6. Quebrando Paradigmas na Negociação
Muitas pessoas não sabem bem o que é negociar, pois nunca
aprenderam sobre isso, em casa, na escola ou no ambiente corporativo, e com
isso criam ideias erradas sobre o que é negociação, como negociar e que tipo de
perfil tem um negociador, é preciso portanto romper barreiras e deixar de
pensar que:
- negociar é sinônimo de pechinchar (você pode pedir mais);
- negociar é coisa para “trambiqueiros” que sempre querem levar
vantagem (uma negociação pode ser saudável e justa para as duas partes
envolvidas);
- negociação é somente para executivos, políticos, advogados e
vendedores (qualquer pessoa, em qualquer profissão pode negociar, e em várias
situações);
- eu não sirvo para negociar, pois eu sempre saio perdendo (então
você precisa aprender os conceitos e os princípios das negociações). Para
agirmos com profissionalismo em negociação é muito importante antes de nos
adentrarmos a este estudo, que tomemos conhecimento da variada gama de
análises e estudos desenvolvidos por muitos dos especialistas nesta área.
Abaixo, segue algumas definições selecionadas que foram desenvolvidas por
renomados estudiosos, expressando diferentes pontos de vista sobre este
assunto, como por exemplo:
• “Negociação é um campo de conhecimento e empenho que visa à
conquista de pessoas de quem se deseja alguma coisa” (Cohen, 2005).
• “Negociação é um negócio que pode afetar profundamente qualquer
tipo de relacionamento humano e produzir benefícios duradouros para todos os
participantes” (Nierenberg, 1981).
• “Negociação é uma coleção de comportamentos que envolve
comunicação, vendas marketing, psicologia, sociologia e resolução de
conflitos.” (Acuff, 2004).
• “Esperar que as partes se encontrem, negociem e cheguem ao
acordo, sem que haja aproximação anterior, conversação habitual, confiança
mútua é, não só ilógico, como uma arriscada aventura.” (Matos, 1985).
• “Negociação é o processo pelo qual as partes se movem de suas
posições iniciais divergentes até um ponto no qual o acordo pode ser obtido”
(Steeleet ali, 1995).
• “O processo de negociação tem significado de longo prazo sobre
o estabelecimento ou a obtenção de um acordo.” (Steele et al., 1995)
• “Negociação é um processo de comunicação bilateral, com o
objetivo de se chegar a uma decisão conjunta” (Fisher &Ury, 1980)
• “Negociação é o processo de buscar a aceitação de idéias,
propósitos ou interesses, visando ao melhor resultado possível, de tal modo que
as partes envolvidas terminem a negociação consciente de que foram ouvidas,
tiveram oportunidades de apresentar toda a sua argumentação e que o produto
final seja maior que a soma das contribuições individuais.” (Andrade, 2007) eu
não sirvo para negociar, pois eu sempre saio perdendo (então você precisa
aprender os conceitos e os princípios das negociações). Para agirmos com
profissionalismo em negociação é muito importante antes de nos adentrarmos a
este estudo, que tomemos conhecimento da variada gama de análises e estudos
desenvolvidos por muitos dos especialistas nesta área. Abaixo, segue algumas
definições selecionadas que foram desenvolvidas por renomados estudiosos, expressando
diferentes pontos de vista sobre este assunto, como por exemplo:
• “Negociação é um campo de conhecimento e empenho que visa à
conquista de pessoas de quem se deseja alguma coisa” (Cohen, 2005).
• “Negociação é um negócio que pode afetar profundamente qualquer
tipo de relacionamento humano e produzir benefícios duradouros para todos os
participantes” (Nierenberg, 1981).
• “Negociação é uma coleção de comportamentos que envolve
comunicação, vendas marketing, psicologia, sociologia e resolução de
conflitos.” (Acuff, 2004).
• “Esperar que as partes se encontrem, negociem e cheguem ao
acordo, sem que haja aproximação anterior, conversação habitual, confiança
mútua é, não só ilógico, como uma arriscada aventura.” (Matos, 1985).
• “Negociação é o processo pelo qual as partes se movem de suas
posições iniciais divergentes até um ponto no qual o acordo pode ser obtido”
(Steeleet ali, 1995).
• “O processo de negociação tem significado de longo prazo sobre
o estabelecimento ou a obtenção de um acordo.” (Steele etal, 1995).
• “Negociação é um processo de comunicação bilateral, com o
objetivo de se chegar a uma decisão conjunta” (Fisher &Ury, 1980).
• “Negociação é o processo de buscar a aceitação de ideias,
propósitos ou interesses, visando ao melhor resultado possível, de tal modo que
as partes envolvidas terminem a negociação consciente de que foram ouvidas,
tiveram oportunidades de apresentar toda a sua argumentação e que o produto
final seja maior que a soma das contribuições individuais.” (Andrade, 2007)
Apesar das definições acima serem distintas, elas estão inseridas dentro de um
contexto comum. Assim mesmo, é importante considerarmos que todas mostram
apenas uma visão deste processo, de forma que, acabam sendo parciais, ao
apresentarem a situação apenas de determinado ponto de vista. Então, é
importante que se pense sob os diferentes enfoques e pontos de vista possíveis
em uma negociação, para se dar um tratamento mais abrangente ao processo.
(Martinelli, 2004)
Por outro lado, numa questão fundamental, muitos autores concordam:
negociação é um “processo”, é ação, na qual desempenhamos papéis e
interferimos diretamente no resultado, a partir do nosso desempenho. Partindo
desta premissa, poderíamos inclusive, reescrever o antigo provérbio “recebemos
o que merecemos” para “merecemos o que negociamos”.
Segundo Roger Fisher, uma das maiores autoridades mundiais em
negociação, existe sete elementos-chave em uma negociação, que podem servir
tanto à fusão de duas empresas no Brasil como um tratado de paz entre países do
Oriente Médio. O primeiro deles é a comunicação. Não é possível negociar sem
uma comunicação eficaz. O segundo é o relacionamento entre as partes. Elas se veem
como inimigas ou estão trabalhando conjuntamente para resolver um problema? A
negociação será melhor se ambas as partes acreditarem que buscam resolver uma
preocupação comum e devem descobrir como lidar com suas diferenças.
O próximo elemento é o interesse. Cada pessoa tem seus próprios
interesses, duas pessoas pertencentes a mesma cultura, da mesma idade, praticante
da mesma religião, terão interesses diferentes. Para cada momento e para cada
situação algo lhes interessará ou não, por isso o negociador precisa conseguir
identificar no que elas realmente estão interessadas, o que interessa de
verdade à outra parte, e neste caso, precisamos oferecer ao outro lado, algo
que vá de encontro a seu interesse, mas claro que não prejudique também nosso
próprio interesse na negociação. O elemento seguinte é inventar opções,
possíveis acordos. Se quisermos ter um bom acordo, precisaremos conhecer todas
as possibilidades. Temos que investigar profundamente o que temos a oferecer
e o que a outra parte deseja. Em última análise, procurar encontrar uma opção
que esteja de acordo com nosso interesse. Depois, procurar formas de convencer
a outra parte de que está sendo tratada de maneira justa. Qual é o valor de
mercado? Qual é o preço atual? Quais são os antecedentes? O que diz a lei? A
outra parte deve estar convencida de que é tratada com justiça.
Após, devemos considerar a possibilidade de não se chegar a um
acordo, e nesse caso, é preciso ter claro, qual seriam as outras opções. O que
posso fazer agora? Será que existe a possibilidade de um acordo com outra
pessoa? Será que eu posso entrar com um processo judicial? Enfim, quais são as
minhas opções?
E para terminar, é preciso que seja feito o compromisso do negociado,
não importa qual o resultado da negociação, o compromisso precisa ser firmado,
de maneira clara e com promessas de ambos os lados realistas e que devem ser
cumpridas.
7. A Importância da Negociação nos Dias de
Hoje
A negociação faz parte da vida de qualquer pessoa e não somente
nas situações profissionais, ou de compra e venda de algum produto ou serviço,
mas também na vida pessoal. Empresas e pessoas para atingir os seus objetivos,
negociam, pois hoje é muito difícil conseguir êxito impondo uma decisão, quase
sempre é preciso negociar, dificilmente consegue-se resolver as coisas através
da imposição de decisões.
Os estudos sobre o tema negociação têm-se intensificado no mundo
todo nos últimos anos devido à crescente importância que esta atividade vem
assumindo nas empresas, governo, terceiro setor e na vida das pessoas de uma
forma geral, impulsionado principalmente pelo fenômeno da globalização.
A globalização quebrou paradigmas organizacionais e culturais,
criou novas exigências para o mercado de trabalho e está impondo a todos a
necessidade de buscar aperfeiçoamento pessoal e profissional. No Brasil,
quando analisamos a evolução da quantidade de livros lançados anualmente,
cursos e seminários oferecidos, abordando o tema negociação, além da inclusão
deste assunto como disciplina em cursos universitários, percebemos que existe
um movimento crescente de apoio ao desenvolvimento desta habilidade,
impulsionado, sobretudo, entre outros aspectos, pela mudança da antiga crença
onde se pensava que “um bom negociador era quem nascia com esta habilidade”
para a visão atual onde compreendemos que “as habilidades de negociação podem
ser desenvolvidas”. Na prática, o planejamento, a preparação e atitudes éticas,
estão tomando o espaço que antes era ocupado pela improvisação, aplicação de
truques, manipulação e intimidação.
Acima de tudo, este tema é muito envolvente e, ao iniciarmos os
estudos, nos deparamos com um horizonte de busca contínua de aperfeiçoamento.
8. Por que é Importante
Negociar
Podemos verificar a seguir situações que confirmam a necessidade
crescente de negociar:
• Mesmo sem perceber, estamos constantemente negociando. Em casa
com nossos familiares, com os amigos, na escola, no ambiente de trabalho,
entre outros locais.
• Especialmente nas empresas, as negociações acontecem a todo
instante e, não somente nas atividades ligadas à compra e venda, abrangendo
todas as pessoas de todas as áreas e envolvendo os mais variados interesses e
níveis de complexidade.
• Um número cada vez maior de ocasiões requer negociação: todos
querem participar das decisões que lhes afetam; um número cada vez menor de
pessoas aceita decisões ditadas por outrem.
• As pessoas diferem e usam a negociação para lidar com suas
diferenças. Mesmo quando recorrem aos tribunais, quase sempre negociam um
acordo antes do julgamento. • A nova estrutura organizacional, com o
achatamento da pirâmide e a diminuição dos níveis hierárquicos, em que as
decisões em redes, equipes de trabalho e forças-tarefas substituem as decisões
de cima para baixo.
• Os crescentes conflitos entre etnias, em que as formas não
negociadas de solução redundam em procedimentos extremamente perversos.
• As negociações de fusões, incorporações, joint ventures e
alianças estratégicas, fruto da economia globalizada, dinâmica e competitiva,
conferem alto grau de complexidade neste processo, demandando dos
profissionais, além de profundo conhecimento técnico, o desenvolvimento de
novas habilidades para lidar com questões interpessoais e interculturais.
Como você se prepara para uma negociação fará toda diferença para
que obtenha um bom resultado. Não importa se é uma grande ou pequena negociação,
existe a possibilidade de se agir de forma improvisada ou se preparar,
negociando de maneira metódica e planejada.
9. Erros Comuns nos Negociadores
Possíveis
erros: insistência excessiva; falar em demasia; ser afobado; falta de
conhecimento do produto; falta de atenção; desprezar a concorrência; cometer
gafes ou enganos; não respeitar o tempo do cliente; falta de cortesia e
intimidade em demasia.
No famoso livro sobre negociação de Fischer e Ury (1980),Como
Chegar ao Sim,contam sobre o caso da laranja, no qual duas crianças discutem a
respeito de uma laranja, uma queria a fruta para fazer o suco de laranja e
outra queira a casaca para fazer um bolo. Cada uma insistia numa posição:
“Escuta aqui, a laranja é minha”finalmente, racharam a diferença dividindo a
laranja ao meio. Mas cada uma tinha interesses subjacentes que poderiam ter
sido melhor atendidos dando-se toda à fruta a uma e toda a casca à outra.
Fisher e Ertel (1999), afirmam que “para ser bem-sucedido numa
negociação, não basta argumentar em prol de uma posição. Um resultado
negociado deverá satisfazer os interesses de ambas as partes, pelo menos de
forma melhor do que se não tivesse havido qualquer acordo. Mas para
satisfazermos nossos interesses, precisaremos evitar alguns erros comuns
durante a preparação para a negociação.”
Os autores relatam ainda que os dois erros mais comuns numa
negociação são: focalizar-se em oposições e não em interesses e pensar apenas
naquilo que queremos.
E sobre isso eles comentam: Muitas pessoas se preparam para
negociar focalizando-se em posições em vez de em interesses. Descobrem uma
exigência inicia – aquilo que devem pedir – e, as vezes, uma ‘linha de
resultados’ particular – o mínimo que julgam aceitável. Mas há desvantagens
nessa abordagem.
Em primeiro lugar, sufoca a criatividade. Se um comprador e um
vendedor por exemplo, falarem apenas a respeito de suas posições em relação à
taxa de frete de mercadorias, é menos provável que discutam uma série de
outras opções, como horários variáveis, frete de retorno para evitar que o
caminhão tenha que fazer a viagem de volta vazio ou o compartilhamento de
responsabilidades por manutenção. Ao não explorarem os reais interesses por
trás das oposições, eles, côo as crianças brigando pela laranja, terão menos
possibilidades de encontrar ganhos mútuos que poderiam trazer melhorias para
ambos s lados.
Em segundo lugar, preparar posições apenas, poderá prejudicar o
relacionamento. Se pensarmos em ofertas mínimas e máximas, é provável que uma
negociação se torne uma luta de intransigências na qual cada lado se atém
inflexivelmente à sua posição, insistindo que é correta. Ta batalha pela
predominância impede um relacionamento.
Sobre o outro erro, poderíamos presumir que a preparação envolve
pensarmos apenas naquilo que nós queremos. Nada disso. Um possível acordo que
viesse a atender apenas aos nossos interesses é inútil se não atender também
aos interesses do outro lado, o bastante para que o aceitem. Temos que
satisfazer seus interesses, pelo menos de maneira aceitável. Além disso, ao
falarmos exclusivamente de nossos próprios interesses, transmitimos a mensagem
de que não estamos dispostos a trabalhar lado a lado. Isso faz com que o
brainstorming e a busca por opções criativas se tornem mais difíceis.
10. Características de
um bom Negociador
A partir do momento em que se começa a olhar a vida com os olhos
de um negociador, pára-se de aceitar a existência de parâmetros e fronteiras
fixas predefinidas e começa-se a buscar explicações para os fatos que acontecem.
A partir disso, descobre-se que tudo é negociável. Porém, o negociador
experimente sabe utilizar-se de bom-senso para distinguir o momento em que não
deve investir seu tempo nesta tarefa, pois avalia se a outra parte tem
realmente autoridade e credibilidade para negociar uma questão. Não adianta,
por exemplo, tentar um desconto no bilhete do teatro junto ao vendedor da
bilheteria. A pessoa que lá está não tem autoridade para alterar preço. Também,
não adianta colocar um adolescente para negociar algo importante, pois ele não
terá credibilidade para tal.
Conflitos, sempre existem, e um negociador preparado, resolve-os
de maneira cooperativa, para que com isso o resultado seja satisfatório para
todos os envolvidos. Ele se preparará para essa negociação de conflitos, usará
sua habilidade de observação e percepção do outro lado, para definir o estilo
da pessoa com quem ele negociará, para saber a melhor maneira de lidar com ela.
Ele manterá seu foco na criação de opções que levem a ganhos mútuos, manterá um
clima de confiança, a partir do momento que responderá todas as dúvidas e será
objetivo e claro.
O negociador não pode errar. Uma passada em falso e a outra parte
pode se afastar da negociação ou uma parceria estabelecida já há muito tempo
pode ser quebrada.
O negociador é a principal peça do jogo, ele precisa estar atento
a tudo que envolve a negociação, sendo assim precisa prestar atenção a tudo
que envolve seus interesses e os interesses da outra parte, e às diferenças e
objeções dos dois lados também, para saber como lidar com elas de forma ética e
correta, respeitando seus valores e também os valores do outro lado.
Um negociador executivo, que atua no mercado internacional, deve
estar preparado para agir de acordo com o ambiente global, isso não significa
imitar os nativos, ou seja, fazer tudo como o negociador daquele país faz, uma
vez que esteja no país dele, mas sim mostrar que conhece seus costumes e sua
cultura, que os respeita e até que gostaria de conhecer algumas coisas de sua
nação, como experimentar pratos típicos, tomar o chá de ervas durante a
reunião, e que respeita os hábitos locais, ao retirar os calçados para entrar
na sala, por exemplo. O negociador desse contexto é firme em suas atitudes e
propostas, ao mesmo tempo em que é amistoso, é persuasivo sem usar coerção.
Possui uma voz baixa e suave, fala pausada, com palavras claras e distintas;
ouve interessadamente e compreende as preocupações dos outros, controla seu
poder e conhece seu limite; possui um pensamento positivo e sabe o que tem a
oferecer.
Segundo afirmação de Martinelli (2004), a área de negociação está
em voga no Brasil, os bons negociadores brasileiros, em seu sentido mais
abrangente, precisam transitar, de forma eficaz, entre as alternativas de
competir ou integrar, para alcançar seus objetivos.
Em palestra de abertura do Fórum Mundial de Negociação, organizado
pela HSM/SP em setembro/2005, Willian Ury, negociador experiente que já
intermediou discussões na Venezuela e na Indonésia, afirmou que os executivos
atuais fazem parte de uma primeira geração de grandes negociadores e, que os
brasileiros, em pouco tempo, serão vistos como exemplos. “O Brasil pode ser a
ponte entre o terceiro e o primeiro mundo, entre a América e a Ásia. Será o
país que vai ensinar os norte-americanos como negociar”.
Pollan & Levine (1995) afirmam que a negociação é depois de
ler e escrever, a habilidade mais importante das necessárias para se tornar
bem-sucedido pessoalmente, financeiramente e nos negócios. Os negociadores,
segundo esses autores, são proativos: eles não aceitam as coisas como elas são
sem antes perguntar por que elas não poderiam ser feitas melhor. Esses autores,
porém, afirmam, ao contrário da maioria, que há poucos negociadores. Isso,
principalmente, se são considerados alguns pontos básicos para se negociar
efetivamente, visto que todos negociam, a todo o momento, a vida inteira,mesmo
sem ter consciência. Contudo, negociar efetivamente exige outras condições nem
sempre preenchidas pelos que negociam informalmente.
O fato de existirem na realidade poucos negociadores efetivos se
deve basicamente a três razões:
- ninguém nos ensina a negociar, nem na escola, nem em casa, e
claro, que com isso as pessoas não sabem como negociar;
- as pessoas acreditam no mito de que é preciso nascer sendo
negociador, é preciso ter o dom de saber negociar, e com isso acham que não é
possível aprender; - e a terceira razão, e a mais importante é o medo de
negociar, o medo de ouvir um não por exemplo.
Segundo a visão desses autores, mais uma vez se nota a grande
importância de se estudar negociação, para ensinar alguns conceitos, mostrar a
possibilidade de se aprender e desenvolver as habilidades de negociador por
meio da prática, bem como quebrar as resistências, vencendo o medo de se
introduzir na arte da negociação. Trata-se de um fator muito importante e que
se constitui num diferencial na busca de um melhor acordo.
Algumas pessoas acreditam que as habilidades para negociação são
natas, não podendo ser aprendidas e desenvolvidas. Segundo Pollan& Levine
(1994) isso é absurdo, pois não existe nenhum gene especial para negociação.
Quando deparam com a evidência de que outros são capazes de fazer algo que eles
não podem (como negociar), algumas pessoas tentam menosprezar essa habilidade
que lhes falta, dizendo que negociar é uma forma duvidosa de fazer negócios. Em
outras palavras, acabam afirmando que, como eles não sabem negociar, deve
existir algo de errado com quem sabe fazê-lo.
11. Habilidades importantes a desenvolver para ser um bom
Negociador
Como já mencionado
anteriormente, estamos negociando o tempo todo, em diversas situações da vida,
seja trabalho, família, compras, escola. Negociar é uma habilidade inerente ao
homem, porém é realizada em sua grande maioria de forma inconsciente e
ineficiente. Por outro lado, todos nós podemos desenvolver competências para
melhorarmos nosso desempenho neste processo. Martinelli, Ventura e Machado
(2004) comentam os estudos de Brodow (1996), que apresenta dez traços
importantes para um negociador ser bem-sucedido:
I) Consciência da
negociação: a hipótese que está por trás é a de que tudo é negociável. Os
negociadores devem ser assertivos e aceitar qualquer desafio nas negociações.
Evidentemente, há grande diferença entre ser assertivo e ser agressivo. Ser
assertivo significa zelar por seus próprios interesses, sem, porém, deixar de
ter respeito pelos interesses dos outros. Para ser assertivo, é importante
saber perguntar, ter autoconsciência, expressar sentimentos sem ansiedade ou
raiva e saber dizer não;
II)Saber ouvir:
sabendo ouvir, as pessoas irão dizer-lhe tudo que você precisa saber; basta
apenas estar preparado para ouvir bem;
III) Ter altas
aspirações: dessa forma, é possível atingir grandes realizações. Se as
aspirações são baixas, é pouco provável que se atinjam grandes conquistas; já
se as aspirações forem altas, as chances de isso se tornar realidade serão
muito maiores;
IV) Portar-se como
um detetive: é interessante observar que todos os detetives tendem a fazer
sempre muitas perguntas. Assim, vê-se que essa é uma característica importante
para obter muitas informações, que é um dos aspectos fundamentais para ser
bem-sucedido numa negociação;
V) Ter paciência:
normalmente, quem maneja o tempo com mais flexibilidade tem a vantagem numa
negociação. A paciência dá-lhe a oportunidade de pensar sobre as coisas.
Algumas culturas têm melhor compreensão do valor da paciência, como é o caso
principalmente dos japoneses. Alguns povos tendem a usar a paciência como um
elemento devastador numa negociação, prolongando a negociação na certeza de
que o outro lado não terá paciência para aguardar e acabarão concedendo-lhes
benefícios que em condições normais não seriam obtidos;
VI) Manter a
flexibilidade: é importante estar preparado para ajustar as próprias hipóteses,
à medida que novos fatos surgem durante a negociação. A flexibilidade é muito
importante, pois as hipóteses inicialmente estabelecidas podem não estar
corretas. Como parte do processo de planejamento, devem-se fazer hipóteses
sobre a situação da outra parte, sobre seus objetivos e suas opções. E novos
fatos que surgem durante a negociação podem comprovar, alterar ou mesmo in
validar essas hipóteses. Assim, os negociadores experientes tendem a ser muito
cautelosos e flexíveis com as premissas inicialmente estabelecidas, e isso
tende a ser fundamental para o sucesso na negociação.
VII) Focar sempre a
satisfação: a partir do momento em que a outra parte se considera satisfeita,
as chances de conseguir atingir nossos próprios objetivos tornam-se maiores.
Assim, focar não só seus próprios interesses, mas também os interesses da outra
parte podem ser fundamentais para o êxito na negociação;
VIII) Assumir
riscos: a disposição para enfrentar desafios é uma forma de assumir riscos. A
prática de correr riscos, desde que eles sejam razoáveis, está incluída no
conceito de negociação consciente. Os negociadores bem-sucedidos tendem a
assumir muito mais riscos do que a média das pessoas. Assumir riscos pode
incluir buscar atingir mais do que se pretendia obter num primeiro momento.
Assumir riscos é parte de uma negociação, assim como negociação é parte de
nossa vida;
IX) Solução de
problemas: para os negociadores bem-sucedidos, o foco está sempre na solução
de problemas. Eles nunca focam as pessoas ou as personalidades, mas o que se
está buscando atingir. Os negociadores bem-sucedidos nunca deixam seus
sentimentos pessoais interferirem na possibilidade de realização de seus
objetivos. Eles não consideram as questões em termos pessoais;
X) Disposição para seguir
em frente: não
se deve nunca negociar sem ter diferentes opções . A busca de diferentes
alternativas é fundamental para nosso sucesso, não só nas negociações, mas também
para todas nossas questões do dia-a-dia. Se a dependência em relação ao
resultado de uma negociação é muito grande, reduz-se a capacidade de dizer não. Quando
se mostra ã outra parte que não há alternativa ou que não se está disposto a
seguir em frente e buscar novas opções, o enfraquecimento é imediato e significativo,
como dar um sinal à outra parte de que se está totalmente dominado e
entregue. Isso pode levar a resultados muito desastrosos numa negociação
12 - Aspectos Culturais nas Negociações
O negociador internacional bem sucedido é aquele que leva na
devida consideração os fatores culturais. Muitos exemplos servem para comprovar
esta verdade.
Uma empresa brasileira detectou ótima oportunidade de negócios no
Oriente Médio e enviou para lá seus representantes. As negociações corriam de
forma extremamente favorável e nada fazia antever a menor probabilidade de
insucesso. Acidentalmente, um dos representantes brasileiros cruzou as pernas e
a sola do seu sapato ficou apontada na direção do principal negociador árabe. A
reação deste foi surpreendente: levantou-se e deu a negociação por encerrada. E
assim, uma ótima oportunidade de negócios foi perdida. Qual a razão da reação
do negociador árabe? É que, naquela região, mostrar a sola do sapato era sinal
de profundo desrespeito.
Um argentino foi a São Petersburgo (ex-Leningrado) para vender
produtos agrícolas. Antes de iniciar a negociação, foi levado a uma protocolar
visita a monumentos da II Guerra Mundial. Ele viu, ouviu e manifestou um
interesse bem-educado. Depois que os russos esfriaram as negociações,
descobriu, por acaso, que os estrangeiros deviam manifestar inequívocos e
profundos protestos de horror e solidariedade diante dos terríveis sofrimentos
infligidos aos russos durante a II Guerra Mundial.
Fatos de outra natureza também servem para mostrar a questão das
diferenças culturais. O gesto que os americanos usam para “tudo bem”, ou 0K,
tem para os brasileiros um significado muito diferente e, verdadeiramente,
ofensivo. Muitas outras histórias e fatos podem ser lembrados. Assim,
tradições, gestos e palavras tem significados próprios para cada povo, para
cada religião e cultura, e o negociador, sobretudo o negociador internacional,
deve dar a eles a devida consideração e importância, se realmente deseja ter
êxito em suas negociações. A consciência das diferenças culturais pode ser a
diferença entre o sucesso e o fracasso. A questão que se coloca, portanto, a
partir desta constatação inquestionável é a de como abordar corretamente o
assunto e o que fazer para se tratar essas questões com sucesso.
O sucesso, na realidade, começa por uma boa preparação da
negociação, onde se deve procurar estar sintonizado para onde se manifestam as
diferenças culturais e quais são os seus efeitos no processo de negociação.
Quando a negociação tem êxito, os dois lados ganham. E este deve ser um
objetivo a ser alcançado. Para que isto aconteça, alguns pontos devem ser
observados:
- Compreenda a importância das
culturas no processo de negociação;
- Disponha de um modelo teórico a respeito dos fundamentos
de uma negociação, sobretudo no que tange aos seus aspectos universais, ou
seja, aqueles inerentes ao ser humano, independente de sua cultura e
conseqüente nacionalidade;
- Saiba como transformar estes aspectos universais de
forma a adaptá-los ás realidades específicas, ou seja, ás várias culturas;
- Saiba onde obter informação,
como, por exemplo, em embaixadas de seu país nos países em que vai
negociar.
Hoje em dia, a questão da importância da cultura já está sendo
bastante considerada, mas existem alguns perigos que devem ser devidamente
observados. O principal deles é a questão dos rótulos e das concepções
mecanicistas. Por exemplo, acreditar que o fato do Brasil ser o país do
carnaval e do futebol implique que todo brasileiro goste de carnaval, seja passista
de escola de samba ou torça ardorosamente por algum time de futebol. Assim,
deve-se ter consciência não apenas em relação a cultura do país, mas também, e
sobretudo, dos aspectos culturais específicos do negociador ou negociadores do
outro lado. Os movimentos separatistas que ocorreram recentemente na Europa dão
bem uma idéia do que isto quer dizer. Muitas vezes numa mesma nação existem
diferenças culturais profundas entre regiões, que podem até levar a guerras
internas, como as que ocorreram no que era a antiga Iugoslávia, entre bósnios,
chechênios e sérvios.
Portanto, deve ficar clara a importância da cultura evitando-se,
porém, qualquer tipo de generalização indevida. É preferível, conseqüentemente,
pensar ou preparar-se em função da cultura especifica do negociador do outro
lado.
Devemos considerar que existem aspectos universais em todo ser
humano. A cultura apenas mostra a forma concreta como estes aspectos universais
se manifestam. Assim, todo ser humano tem necessidade de se alimentar. A cultura
é que vai dizer o tipo de alimentação a ser ingerida. Na Índia, as pessoas
preferem passar fome a comer carne de vaca.
E quais são estes aspectos universais? Não importa qual seja a
cultura, os seres humanos negociam porque têm interesses que podem ser atendidos
através da negociação. Sempre existem interesses comuns e opostos. Os comuns
levam ao sentimento de identificação. Os opostos, à polarização ou antagonismo.
Identificar os interesses que aproximam ou afastam é um dos primeiros passos a
serem seguidos. Tudo isto pode ser melhor considerado quando se disponha de um
modelo de negociação, pois a qualidade do nosso pensamento depende dos modelos
que utilizamos.
O MIN – Modelo Integrado de Negociação, modelo que criamos e
desenvolvemos, leva em consideração os seguintes aspectos, que estão presentes
em toda e qualquer negociação:
- Os cenários da negociação.
- O conhecimento do assunto objeto da negociação.
- A habilidade de relacionamento.
- Processo de negociação.
- Realidade pessoal dos
negociadores
Devemos considerar três cenários: o primeiro diz respeito aos
negociadores diretamente envolvidos na elaboração do acordo, bem como ao
ambiente físico em que se realiza a negociação. O segundo, às pessoas
importantes que de uma forma ou de outra exercem influencias sobre os
negociadores, bem como a tudo que se relacione com o apoio logístico. O
terceiro diz respeito às variáveis macroeconômicas, sociais e culturais
O conhecimento do assunto é outro ponto de capital importância,
pois de sua compreensão dependem o estabelecimento correto da margem de
negociação, assim como a construção de alternativas e critérios objetivos que
sirvam como referências á definição do acordo.
Na habilidade de relacionamento devem ser levados em conta pontos
que estão presentes em toda e qualquer cultura como, por exemplo, as
necessidades de todo ser humano de realização, aceitação, reconhecimento e
segurança, como também a diferenciação entre os vários estilos de negociação
que se manifestam dentro de uma mesma cultura.
O processo de negociação diz respeito aos procedimentos a serem
utilizados desde o início até o final, ou seja, a definição e cumprimento do
acordo. Um negociador experiente sabe que a negociação não se encerra quando o
acordo foi firmado, mas sim, quando ele foi devidamente implementado. E este
descuido é um erro grave que é cometido com muito mais frequência do que se
possa imaginar.
A questão que se coloca a seguir é a de onde coletar informações
relevantes. Existem algumas fontes, entre elas, as embaixadas e as pessoas que
já negociaram no país em questão. Mas, não resta a menor dúvida de que se
tivermos informações de quem negociou, especificamente, com quem vamos
negociar, estaremos de posse de uma informação de fonte muito preciosa.
Assim, deve-se ter sempre em mente o fato de que cada terra tem
seus costumes e, portanto, nada mais acertado do que seguir o ditado: “Quando
estiver em Roma, haja como os romanos”. Mas, de qualquer forma, devemos nos
lembrar que todo ser humano tem algumas necessidades que devem sempre ser consideradas,
entre elas, a de querer ser tratado com respeito e dignidade.
13. O Processo de Negociação
O
processo de negociação é a forma ou maneira de como devemos utilizar as
informações e os recursos sobre os cenários, o conhecimento do negócio, as
habilidades e o relacionamento pessoal dos negociadores, ou seja, é a
negociação propriamente dita. No processo, utilizamos as estratégias e táticas
para se alcançar os objetivos.
13.1 - O Começo da Negociação
Devemos
iniciar a negociação, não com atritos ruídos ou desconfianças, mas, sim,
transferir ou gerar confiança e criar um clima construtivo para que as pessoas
sejam receptivas, dispostas a ouvir e prestar informações relevantes que possam
levar ao bom desenvolvimento da negociação.
13.2 - Durante negociação
Durante negociação devemos coletar informações
para nos inteirar e confirmar os problemas dos outros negociadores, as soluções
e os possíveis benefícios que ele procura alcançar.
Com
conhecimento e habilidade os negociadores minimizam e eliminam os impasses
fazendo concessões, dentro dos limites do objetivo desejável e o mínimo
necessário.
Durante
o processo de negociação algumas técnicas, estratégias e táticas não devem ser
utilizadas, são elas:
1-
Improvisação e falta de planejamento: no mundo globalizado em que vivemos as
informações são muito rápidas e em grande quantidade, aqueles que se preparam
melhor têm grande chance de sair vitoriosos;
2-
descobrir o ponto fraco do oponente e atacá-lo: o sucesso da negociação está na
valorização dos aspectos positivos dos negociadores, então devemos descobrir as
oportunidades e aproveitá-las.
3-
aplicar truques, macetes e artimanhas: o uso destes artifícios pode tornar o
adversário perigoso, ele pode, também, adotar os mesmos artifícios e
derrotá-lo.
4-
tentar a manipulação; se o negociador pretende se utilizar disto, a primeira
coisa que tem a fazer é se colocar posição do outro. Veremos que o problema é
bem diferente daquilo que pensamos.
5-
agredir e intimidar: esta não é uma boa estratégia ou tática, pois demonstra
para o adversário que quer impor a sua força, mas os seus argumentos são
fracos.
13.3 - Fechamento da
Negociação